Sororidade: Mulheres se unem para combater a violência entre Meninas e Mulheres

Por Kailaine Quevedo - Estudante de Jornalismo UFPel

                                                             Orientadora Professora Silvia Meirelles  

No dia 29 de novembro, no Auditório Antônio Záttera da UCPEL, aconteceu o I Seminário do Observatório Nosotras de Prevenção e Combate à Violência Contra Mulheres e Meninas, e o II Seminário Regional de Políticas para Mulheres com a participação e apoio de associadas ao GAMP Feminista para a realização do evento. 


A Mesa Redonda Violência contra Mulheres e Meninas na Região Sul do RS e fronteiriças debateu sobre como a violência contra as mulheres negras pode ser recorrente e perigosa, considerando que as mulheres negras vivem em situação de maior vulnerabilidade.


A violência contra mulher ocorre principalmente pelo machismo estrutural que está inserido na sociedade, o machismo vem de construção histórica e se sobrepõem aos direitos das mulheres, na maior parte das vezes não só afeta aos nossos direitos, mas na integridade de violência física, psicológica/emocional, sexual e patrimonial. Boa parte dessas violências são praticadas dentro de seus próprios lares, por pessoas  de sua convivência e que tenham alguma forma de intimidade ou afeto, como namorado, marido, esposo e filhos.


O Rio Grande do Sul é um dos Estados campeões da violência contra as mulheres.

De acordo com os dados de monitoramento de violência contra a mulher no  Rio Grande do Sul, até novembro de 2023 foram registrados 80 casos de feminicídios e 213 tentativas. Entre as cidades do RS com maiores números de feminicídios estão Caxias do Sul, Pelotas, Erechim, Porto Alegre e Vacaria.


A escritora e pesquisadora Winne Campos Bueno, comenta:


"A cultura é um espaço muito importante de construção de políticas de resistência e fortalecimento de movimentos, pois permite uma outra abordagem, uma e outra forma de aproximação e uma outra linguagem que geralmente, em movimentos feministas, que é um movimento bastante acadêmico, não está disponibilizado, as pessoas não tem essa facilidade de aprender esses conceitos. E quando esses conceitos são dissolvidos na esfera cultural, eles são mais compreensíveis e permitem uma maior aproximação das comunidades e de outros setores, para além das mulheres da pauta feminista".


Para combater a violência contra mulheres, é crucial buscar e fazer uso das políticas públicas abrangentes que promovam igualdade de gênero e fortaleçam a proteção das vítimas. Procurar envolvimento em organizações da sociedade civil, participar de debates e pressionar por leis mais rigorosa é de extrema importância para o fortalecimento da causa. 


A atuação nas esferas legislativa e judiciária é essencial para assegurar que as leis sejam aplicadas de maneira eficaz, e que haja punição adequada para os agressores. Além disso, campanhas de conscientização e combate ao machismo contribuem para mudar a cultura que perpetua a violência de gênero. É fundamental apoiar iniciativas de capacitação e empoderamento das mulheres, promover a educação sobre consentimento e relações saudáveis desde cedo, e garantir o acesso efetivo das vítimas a serviços de apoio, como abrigos e centros de atendimento.


Presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher Fabiane Dutra, comenta:


"Muitas vezes a mulherada encontra acolhimento com o movimento de mulheres que auxilia na busca, de uma casa abrigo, do atendimento da assistência social, das psicólogas, tem alguns serviços, mas até para acessar precisa do respaldo de outras mulheres que já tem mais conhecimento da rede, por isso que a gente sempre reforça o fato das mulheres estarem unidas, buscar ter coletivos, associações. Pois o primeiro passo é a mulher se sentir segura para buscar o apoio, e a lei".




Saiba mais:

PREVENÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E MENINAS EM DEBATE


Pesquisadoras e Professoras das Universidades da região, ao lado de representações de movimentos sociais, conselheiras de direitos das mulheres, associações profissionais, militantes dos direitos sociais e humanos e setores governamentais estiveram reunidas nos dias 29/30 de novembro e 01 de dezembro de 2023, para o fortalecimento de ações pelo fim da violência contra mulheres e meninas. Nestas datas foram realizados: I SEMINÁRIO DO OBSERVATÓRIO NOSOTRAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E MENINAS; II SEMINÁRIO REGIONAL DE POLÍTICAS PARA MULHERES E MENINAS DO RS E IV SIMPÓSIO GÊNERO E DIVERSIDADE: EM DEFESA DA DEMOCRACIA. A proposta integrará o debate, experiências, pesquisas e propostas para denunciar a violência praticada contra mulheres e meninas em municípios da Região Sul do RS e cidades fronteiriças, com os seguintes objetivos: Socializar práticas e desafios para o enfrentamento da violência contra mulheres e meninas; Fortalecer a campanha mundial pelo fim da violência contra mulheres e meninas e Reforçar a organização e lutas da Rede Sul pela Garantia dos Direitos das Mulheres e Meninas. Os eventos integraram a campanha dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres de 2023, criada em 1991, com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo. Pretendiam vincular a denúncia, a luta e as ações existentes pela não violência contra as mulheres e meninas à defesa dos direitos humanos, unindo-se a luta internacional realizada em cerca de 130 países, conclamando a sociedade e seus governos para uma postura ativa frente à violação dos direitos humanos das mulheres e meninas. Apesar da legislação e das ações já existentes contra esta violência, os dados do I Relatório Semestral do Observatório NOSOTRAS evidenciam a tendência de crescimento de alguns tipos de violência contra a mulher em municípios da Região Sul do RS, considerando que no primeiro semestre de 2023 já haviam sido registrados 50% dos casos totais de mortes letais de mulheres em 2022; 51,63% dos casos totais de crimes sexuais contra mulheres em 2022; 59,30% dos casos totais de lesão corporal contra mulheres em 2022; 61,7% dos casos totais de ameaça contra mulheres em 2022. A proposta serviu para consolidar o Observatório NOSOTRAS como articulador de grupos de pesquisa e extensão de Universidades, de movimentos sociais, coletivos, associações profissionais, e conselhos de direitos da região sul, ao incluir uma programação integrada com um evento de grupo de Pesquisa da UFPEL/CNPQ e com um evento da Rede Sul pela Garantia dos Direitos das Mulheres e Meninas, destacando a Universidade Católica de Pelotas - UCPEL como instituição protagonista na defesa dos direitos sociais e humanos de mulheres e meninas. O cenário político recente do país foi marcado por uma série de ataques e retrocessos aos direitos das mulheres e de diversos grupos identitários, com inúmeras medidas que acabaram por afetar negativamente a vida de muitas pessoas, tais como, o corte de verbas para políticas públicas voltadas para as mulheres e a redução do orçamento destinado ao combate à violência de gênero. O contexto recente pós-eleições no Brasil abre a possibilidade de retomarmos a trajetória de ampliação dos direitos humanos e sociais. Compreendemos que temos muito trabalho a fazer. Na quarta edição, o Simpósio de Gênero e Diversidade teve como tema a defesa da democracia, e como proposta discutiu os desafios e as perspectivas para a promoção da igualdade de gênero, diversidade e direitos humanos dentro do contexto da luta pela democracia no país. O evento contou com palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos que abordou temas como movimentos sociais...



Vídeo do Evento:


Video de divulgação do evento:



Fotos:


















Matéria do Diário Popular: https://diariopopular.com.br/geral/eventos_integrados_abordam_violencia_contra_a_mulher.560223

Por Victoria Meggiato
victoria.meggiato@diariopopular.com.br

Começam nesta quarta-feira (29) os eventos integrados de reforço à Campanha Mundial pelo Fim da Violência Contra a Mulher. As atividades estão previstas no IV Simpósio de Gênero e Diversidade, promovido pelo grupo de pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e, dentro da programação, estão o I Seminário do Observatório Nosotras, vinculado à Universidade Católica de Pelotas (UCPel), e o II Seminário Regional de Políticas para as Mulheres do Rio Grande do Sul, da Rede Sul de Garantia dos Direitos de Mulheres e Meninas. O objetivo principal é conscientizar as pessoas e debater sobre um tema muito importante, a violência contra mulheres e meninas. As atividades ocorrem na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e no Auditório Dom Antônio Zattera e se estendem até sexta feira (1º).

Pesquisadoras e professoras das universidades da Zona Sul, representantes de movimentos sociais sobre o tema, conselheiras de direitos das mulheres, associações profissionais, militantes dos direitos sociais e humanos e setores governamentais estarão reunidos para participar dos eventos. "O debate é fundamental para buscar isso, uma unidade entre sociedade civil, universidades, todas as mulheres, pesquisas que trabalhem com esses números, que de repente também tracem algumas campanhas com movimento de mudança de comportamento", diz Diná Bandeira, mobilizadora da Rede Sul de Garantia de Direitos das Mulheres e Meninas e associada do Gamp Feminista.

Dentro da programação estão uma mesa redonda com docentes e pesquisadoras com o tema "Violência Contra Mulheres e Meninas na Região Sul do Rio Grande do Sul e Fronteiriças" e uma palestra ministrada pela diretora nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política no Ministério das Mulheres, Carla Ramos. O evento é gratuito e as ações são abertas ao público, as organizadoras pedem apenas um quilo de alimento não perecível que será destinado à doação. As atividades desta quarta à tarde e noite estão com vagas abertas e as inscrições podem ser feitas no local. O IV Simpósio está com as inscrições encerradas.

Importância do debate

A promoção desse tipo de evento é fundamental para que haja visibilidade no assunto e debates públicos com essa temática, pois a violência de gênero tem aumentado no país nos últimos anos. Márcia Alves, professora da UFPel e líder do grupo de pesquisa de gêneros, afirma que falar sobre isso é muito importante. "Esse tipo de evento se propõe a ser um espaço onde possibilite que se olhe com muita atenção para essa realidade", relata. Atividades desse tipo ainda direcionam para ações que busquem minimizar a violência. Para Márcia, conscientizar começa desde a formação. "Os ambientes universitários, os ambientes escolares, enfim, a escola de uma forma geral é um espaço privilegiado porque pode oferecer ferramentas importantes para tratar dessa situação, que é o conhecimento", destaca. Ainda de acordo com ela, as instituições podem preparar as futuras gerações para diminuir os casos, no entanto, as violências que ocorrem hoje precisam ter uma resposta. "As políticas públicas são uma grande forma de ações que podem minimizar esses tristes eventos".

Em sua quarta edição, o Simpósio de Gênero e Diversidade tem como tema a defesa da democracia. O evento contará com palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos com temas como feminismo, diversidade, movimentos sociais, participação política, direitos LGBTQIA+, antirracismo e interseccionalidade.

Dados que assustam

Em um boletim divulgado pelo Observatório Nosotras em agosto, foram analisados os dados de práticas que envolvem a violência contra a mulher. O documento mostra um recorte com foco central nos 22 municípios integrados no Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul (Corede). A coordenadora do Observatório Nosotras, Vini Rabassa afirma que os dados foram divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, mas que nem sempre esses números correspondem com a realidade. "Pressupõe-se que, de fato, os números de violência, tanto de abuso sexual, quanto de estupro, tentativas de feminicídio, feminicídio consumado, possam certamente ser maiores do que aqueles que são oficialmente registrados".

De acordo com o boletim, a violência contra as mulheres é um problema alarmante constatado em todos os municípios. O primeiro semestre de 2023 registrou, na comparação com todo o ano passado, 59,3% do total de casos de lesão corporal e 62% dos casos de ameaças. Somente em Pelotas, até agosto, já haviam acontecido dois feminicídios e 36 casos de estupro. A cidade encabeça a lista dos municípios mais violentos da região quando as vítimas são mulheres, principalmente ao analisarmos a violência sexual.

Ainda segundo Vini, são vários os motivos de alguns casos não serem divulgados. "Às vezes a violência não consegue ser classificada como violência de gênero, às vezes a família não registra, e uma série de outros motivos. Então, se pelos números se evidencia uma tendência ao crescimento, lamentavelmente pensamos que, de fato, a violência pode ter um crescimento ainda maior", explica.


Organizadora do Blogger: Diná Lessa Bandeira - CT de Comunicação do GAMP Feminista


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