Darci
Todo dia era igual.
Tocava o sinal do recreio e era aquela correria.
A algazarra começava antes de saírem na porta.
Acho que em toda escola deva ser assim!
Pra uns o recreio serve para lanchar, outros preferem gritar, correr, urinar.
Na verdade o tempo é pouco para tantas vontades.
E com tantas coisas urgentes para serem feitas em tão pouco tempo,
Quem vai entender um grupo de adolescentes que se junta pra fazer troça de um ser humano?
Todo dia é sagrado, eles se encontram na porta de grade e se param a gritar para a senhora
que vende pastel e suco.
Eles gritam: traveco, veado, mulherzinha.
Darci nunca responde, nem olha, continua vendendo seus pastéis e sucos.
Ela aprendeu a se calar desde cedo, não vai ser agora aos 70 que vai dar resposta pra menino.
Darci criou toda família com seus pastéis e sempre teve muita educação apesar de nunca ter
estudado em nenhuma escola.
Darci não ganha só insultos na porta da escola, ali ela também ganha o carinho de meia dúzia
de pessoas que aprenderam a respeitá-la nesses 10 anos de recreio.
"Histórias Quase Inventadas"
Autora: JANETE FLORES, 54 anos, natural de Porto Alegre, radicada em Pelotas desde a década de 90, com formação em Artes, habilitação em Música pela Ufpel, compositora, instrumentista, cantora, artista plástica e escritora. Membra associada ao GAMP.
Pelotas, novembro de 2020
GRUPO AUTÔNOMO DE MULHERES DE PELOTAS INFORMA:
O termo LGBTfobia não é tão conhecido, já que outro é normalmente usado como sinônimo para se referir ao ódio à população LGBT: a homofobia.
Tecnicamente, essa expressão refere-se apenas à hostilidade direcionada a homossexuais – lésbicas e gays –, mas o termo se popularizou e é utilizado amplamente. Nesse sentido, Maria Berenice Dias – presidente da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB –, define a homofobia como o “ato ou manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”.
Saiba mais: LGBTfobia
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