Hora do almoço

 



                              Hora do almoço

Hoje cozinhei milho, batatas, cenoura, e beterraba,
e fiz uma salada verde para comer com arroz, e ovo cozido.
Sentei para comer, e como não tenho costume não bebi nada.
Só bebo a água depois de almoçar .
Quando sentei para comer, eu liguei a televisão,
Tava na hora do jornal, falaram dos gols da rodada,
dos números da covid, do preço do dólar, quando de repente
começaram uma notícia que me tiraria a fome.
A notícia era interligada com outras, e juntas eram uma dor de dilacerar o coração.
O fato é que o quê ocorreu foi tão surreal que a gente nem consegue mensurar.
Tente imaginar a sua mãe , ou a sua filha, sendo estuprada por 12 homens no mesmo instante. Conseguiu visualizar?
Imaginou?
Asco é o que eu sinto quando tento pensar nisso, provavelmente porque meu sistema de defesa de sanidade me preserva de ter a visão. Mas a notícia não acabou nesse absurdo, Tinha mais, depois de tudo isso, alguns sujeitos invadiram uma clinica de idosas e violentaram As internas e as enfermeiras que foram contidas e amarradas durante toda a ação, e na sequência foi a vez de violarem dois corpos femininos que aguardavam por necrópsia.
Não consigo imaginar o mundo quando escuto esse coquetel de horrores.
Ninguém foi preso, nem identificado, e a primeira vítima ainda foi acusada por estar com
Um vestido muito cavado.
Vai ver a culpa, no final, ainda será dela.

Minha comida esfriou no prato e tinha aspecto de tragédia. E eu, depois de tudo isso, perdi a fome.
Só bebi a água!


"Histórias Quase Inventadas" 

Autora: JANETE FLORES, 54 anos, natural de Porto Alegre, radicada em Pelotas desde a década de 90, com formação em Artes, habilitação em Música pela Ufpel, compositora, instrumentista, cantora, artista plástica e escritora. Membra associada ao GAMP.

Pelotas, novembro de 2020


Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas Informa:

No Brasil cresce os indicadores das violências, que a cultura machista revela, cultura que vê a mulher como objeto, herança do escravismo e é alimentada, até hoje por elites que jamais saíram da Casa Grande. A cada 8 minutos uma mulher ou menina sofre um estupro, em algum lugar do Brasil, por um ou mais homens. 

Estupro coletivo é uma forma de violência sexual envolvendo dois ou mais agressores. É uma ocorrência frequente, principalmente em períodos de guerras e, devido a gangues, usado como um método de punição, controle social, vínculo e como rito de passagem. Wikipedia

Casos e notícias...

Estupros coletivos


Anote os endereços:

DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher

Rua – Barros Cassal, 516

Fone: (53) 3310-8181 ou (53) 3310-8188


Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento - Sala das Margaridas

Rua: Professor Araújo, 900

Fone: (53) 32222000


180    DISQUE DENÚNCIA


0800-0803  -  Escuta Lilás  (ligação gratuita)


CENTRO DE REFERÊNCIA NO ATENDIMENTO Á MULHERES VITIMAS DE VIOlÊNCIA

Barão de Itamaracá, 690  (atrás do Foro)

Fone  - (53) 3279-4240

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