Liberdade

 


                                
                              Liberdade

-Vem aqui, entra comigo, me ouve filho!
Dalvinha tava preocupada com o seu filho
que correu na sua frente pra entrar na loja de brinquedos.
Ele queria logo escolher seu presente de aniversário.
-Felipe vem aqui eu já disse, espera a mãe!
Mas o Felipe estava eufórico e entrou numa aflição, e foi logo pondo sua mãozinha no Homem-Aranha e no Capitão America, seriam eles os seus novos companheiros de aventuras, mas a vendedora logo veio lhe repreender dizendo que saísse da loja.
Enxotou ele, mas se deparou com sua mãe no meio do corredor.
Dalvinha perguntou à vendedora qual era o problema, a vendedora meio sem graça disse assim:

- Desculpa senhora, é que ele tava sozinho, achei que era menino de rua.

Dalvinha pegou o seu filho pela mão e disse a ele que iriam na loja ao lado porque nessa loja não respeitavam pessoas negras.

Felipe chorou olhando seus companheiros de aventura que ficaram para trás.

Dalvinha avisou de novo, Felipe meu filho, não corra, entre com a mamãe, combinado?!! Felipe baixou a cabeça e obedeceu com uma tristeza profunda.
Felipe gostava de correr!
Felipe entendeu que era muito ruim correr...

Um dia lhe perguntaram o que era liberdade, e ele já adulto, professor de literatura respondeu:

-Liberdade é uma criança negra correndo tranquila por entre os brinquedos!


"Histórias Quase Inventadas" 

Autora: JANETE FLORES, 54 anos, natural de Porto Alegre, radicada em Pelotas desde a década de 90, com formação em Artes, habilitação em Música pela Ufpel, compositora, instrumentista, cantora, artista plástica e escritora. Membra associada ao GAMP.

Pelotas, novembro de 2020


Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas Informa:

É duro, mas importante educar nossos filhos e filhas para as estruturas racistas, culturalmente veladas no Brasil. Explicar as diferenças no tratamento de crianças, negras, pobres e por vezes pelo seu gênero é fundamental. Contextualizar a história dos povos negros, suas origens, para o enfrentamento do racismo,  faz parte do processo de resistência, estratégico para mudanças do comportamento social.  É o comportamento da sociedade branca que precisa mudar, mas para tal, as diversas formas de manifestações antirracistas são necessárias, pois contribuem para colocar esta pauta nas mídias, promover comoção social e tentar mudanças nas instituições jurídicas e políticas no país.

Racismo estrutural é a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de modo consistente e constante causando .

Saiba mais:

Racismo estrutural

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