GAMP, 30 ANOS E HISTÓRIA: Bate-papo com Zely Garcia e Diná Lessa
Por Gabriela Pereira e Isabelli Marques
Alunas do Curso de Jornalismo da UFPel
A história do Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (GAMP) é marcada pelo protagonismo de mulheres que lutaram por mudanças nas políticas públicas e na maneira como as pessoas enxergam os direitos das mulheres, ajudando a combater a violência de gênero e o feminicídio. Fundado em 1992, o grupo completa 30 anos com o propósito de atuar sob denúncias de todas as formas de violência e discriminações sofridas por mulheres em Pelotas, especialmente as domésticas. Atua, ainda, na promoção de ações de prevenção às violações contra as mulheres e de visibilidade dos direitos humanos.
Para comemorar e prestigiar o aniversário do Gamp Feminista, convidamos a matriarca Zely Garcia, de 88 anos, junto a Presidente Diná Lessa (62), para contar sobre como tudo começou, suas vivências e a forma como elas contribuíram para a vida de outras mulheres ao longo dos anos. Conhecemos um pouco da trajetória percorrida pelo GAMP a partir das vivências da fundadora do grupo. Na entrevista, Zely nos conta que o grupo foi nomeado “Grupo autônomo de mulheres” porém por já existirem outros grupos em atividade, se tornou mais adequado inserir “Pelotas”, para indicar de qual cidade foi criado.
Segundo a matriarca, o grupo de mulheres não nasceu de um projeto, mas sim da necessidade. A partir de um movimento social, que foi se dando a partir de relações pessoais que foram se envolvendo. O movimento se iniciou quando ela se aposentou como professora e trabalhou alguns anos na Caritas Diocesana. Sua função era trabalhar com as mulheres das comunidades, então começou a surgir vontade de fazer mais coisa, pois a maioria das Dioceses tinham grupos de mulheres, porém as mulheres que mantinham os serviços da igreja, se dedicavam ao apoio das atividades da Liturgia, segundo ela, estas não sabiam muito o que acontecia, além dos afazeres destinados a elas.
O início do GAMP:
Ao longo da conversa, Zely conta que o GAMP ajudou muitas mulheres que sofriam violências e para isso foi criada a Casa Luciety, com o objetivo de acolhê-las. Nesse projeto, tínhamos comunicação com o Conselho Nacional em São Paulo como suporte.
Com isso, esse espaço de acolhimento, construído pelo grupo, já acolheu muitas vítimas de violências.
Zely relata que algumas histórias não terminam positivamente. No primeiro caso, acompanhado pelo GAMP, a fundadora conta que uma mulher foi abrigada na Casa Luciety para se esconder de seu agressor e logo depois ele teve uma punição leve, mas que permitiu à mulher se reerguer, trabalhar e se acomodar em um novo lar.
Acontecimentos que marcaram a vida e a história do grupo:
Diná complementa que para que essas estruturas de acolhimento funcionem é importante ter pessoas qualificadas, junto a políticas de enfrentamento à violência, pois elas continuam, mas os responsáveis por elas mudam de acordo com o governo regente. O Grupo preza ter profissionais de todas as áreas em seu quadro de associadas, que vão de psicólogas e advogadas, justamente para fortalecer o movimento, por isso as gampeanas precisam trabalhar com o viés da organização.
A importância do Gamp:
Ao final da entrevista, a atual presidente do GAMP comenta que Zely é o coração do grupo e que, como presidente, tenta incluí-la nas decisões de pautas maiores.
A importância da matriarca nas decisões de equipe:
Diná destaca que não pode faltar no grupo o envolvimento com as políticas de enfrentamento a violência, pois infelizmente, a sociedade ainda necessita e muito desse movimento. E finaliza falando o quanto é necessário a motivação, porque não tem como alguém dar a motivação a outra pessoa, é necessário que a pessoa queira e esteja motivada para enfrentar e participar de um grupo, principalmente um grupo de mulheres autônomas e feministas.
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