Solitude e Solidão da mulher negra: um olhar sobre a sua subjetividade desde a infância
Por: Marcela Lima e Julia Vilas Boas
Conversamos com cinco mulheres negras que residem em Pelotas sobre as suas experiências de solitude e de solidão. Com idades e realidades diferentes, elas falaram sobre seus sentimentos e perspectivas, nos conduzindo em um exercício de reflexão sobre a solitude e a solidão da mulher negra.
A você, que ama uma mulher negra, espero que reflita ao ler e ver esses relatos sobre como essa mulher por mais confiante, forte, decidida que pareça ser, desaba em inseguranças que começam na infância e vão se espalhando durante o resto da vida. Sentir-se sozinha, abandonada, rejeitada, preterida, é algo diário na vida das mulheres negras. Ser sozinha, dá margem a sentimentos ruins como o auto-ódio e a vontade de não socializar, não se abrir para as possibilidades de deixar alguém te escolher, caindo assim, mesmo sem saber, em reclusão e solitude.
Solitude da mulher negra é quando ela imerge em si mesma, se recolhe e sana a solidão com seus próprios sentimentos, entendimentos e dores, gerando contradições para proteger-se. Solitude ao contrário de solidão configura-se como um estado de escolha e consciência (mesmo que algumas mulheres possam estar em solitude sem saber).
Assim, a mulher negra vai sendo colocada sempre em um lugar secundário, sem muita atenção e cuidado. É aqui que devemos nos atentar no resgate histórico para podermos entender como são construídas as afetividades e escolhas na nossa sociedade até hoje. Quando nos dispomos a pensar sobre o amor afetivo, sobre sermos aceitas por outros seja em qual situação, idealizamos uma ideia de alguém que queremos, e a mulher negra geralmente não está inclusa nessa idealização.
Naiane, 26 anos, sentiu auto-ódio na infância por ser negra e gorda, alisava o cabelo desde os 5 anos de idade e até hoje tem vergonha do seu cabelo natural. Luciane, 41 anos de idade, se sentiu injustiçada pela primeira vez quando se percebeu como a única negra da sala e a professora obrigou os colegas de aula a andarem com ela na hora do recreio. Thaíse, 38 anos de idade, estudou em escola particular desde pequena e se sentiu sozinha pela primeira vez por volta dos 4, 5 anos quando questionou a sua mãe: “porque tu me fez dessa cor e com esse cabelo?”. Eva, 62 anos de idade, cresceu durante o período da ditadura em meio a famílias de japoneses, alemães e negros e o trato familiar era: “somos negros e não somos inferiores a ninguém!”. Veridiana, 33 anos de idade, tenta não reproduzir com a sua filha coisas que viveu na sua infância e não achou correto “estou criando uma mulher negra para enfrentar um mundo diferente”.
Esses fragmentos de histórias são reais e se passam na vida das mulheres negras que vocês verão nessa reportagem. Histórias assim raramente apareceriam na televisão ou nas redes sociais, pois nesses espaços, estão estampadas mulheres negras felizes, com corpos objetificados, fingindo estarem inseridas na sociedade de forma justa, sem sentimento de insegurança, solidão, desamor e preconceito.
OLHANDO DA JANELA PARA DENTRO
Depois de refletir acerca da solidão, estar só e sentir-se só, não ser amada, não estar inclusa, buscamos observar o que acontece com aquilo que começamos a perceber com as informações que esses termos nos trazem e a reparar as transformações que elas fazem dentro de nós. Durante a entrevista, Veridiana relatou: “eu me vejo múltipla, em dimensão de sentimentos e sensações e por ora, eu não consigo dar uma definição sobre mim, do que sinto e o que farei com isso”. A luta da mulher negra pela sobrevivência diária, a faz refém de si mesma e de como as coisas do mundo a afetam. Que mulher é essa que está sozinha agora? Ela já se sentiu assim antes? Que sentimento fez com que ela preferisse se isolar? Ela percebeu que está só? “Uma mulher negra diz que ela é uma mulher negra. Uma mulher branca diz que ela é uma mulher. Um homem branco diz que é uma pessoa.” Grada Kilomba
Olhar-se como espectadora da sua própria história, parar em frente a uma janela e observar o que se passa dentro. Tentar avaliar como se estabelece o nosso processo de consciência individual, quando me excluem e me fazem sentir sozinha, como luto pra que esse estado não me deixe estacionada nas coisas do meu cotidiano? Quando olhamos para dentro e para o caos que somos, importa a nossa cor?
PRIMÍCIAS: INFÂNCIA/ESCOLA/PRIMEIROS CICLOS
O Brasil é um país que limita o povo negro e isso é inegável, dentre tantas privações que deixam marcas ao longo da vida da população negra está o descaso com a boa infância e as diversas formas de negação de acessos igualitários que se apresentam desde à infância e traçam a história de quem é negro nesse país desigual. O percentual de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos, revela pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, intitulada Vidas Perdidas e Racismo no Brasil.
Veridiana Cardoso Leal, é uma mulher negra que resiste, tem 33 anos, é mãe de uma menina de 4 anos e vive em união estável desde 2014. Formada em Serviço Social, escolheu trabalhar com pessoas pois carrega uma boa oratória, uma vontade de mudar a realidade das pessoas e fazer por muitos o que não teve a oportunidade de ter. Ela reside em um bairro da periferia de Pelotas, afastado do centro, calçado de chão batido, regado de crianças correndo, brincando, exercendo a “infância feliz”, mas para ela, fragmentos da infância deixaram marcas profundas de preconceito, negação e desigualdade.
Ao exercitar a memória e buscar relatos da sua história, ela lembra de um fato duro de aceitar, porém necessário de ser contado:
Em função de duas forças que evidenciamos neste relato: gênero e raça, a rede de proteção em torno da criança, como idealiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um bom “desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social” se depara, na prática, com um ambiente marcado por desigualdades sociais, que refletem no comportamento das crianças brancas mesmo que de forma indireta e que já na seara da escola, onde deveria ser colhido direitos igualitários, acessos diversos e acolhimento, se transforma em um dos primeiros lugares de negação à criança negra. Ali, pela primeira vez, Veridiana se sentiu negra e sozinha. Por mais que seja oriunda de uma família predominantemente negra, os atravessamentos sociais chegaram quando o ciclo familiar se abriu e ela foi para o meio escolar, disputar o seu espaço no meio social, com crianças de outras cores e classes sociais.
Thaíse Mendes Farias, tem 38 anos, é psicóloga especialista em psicologia e sexualidade, se denomina uma mulher negra e negra feminista e não feminista negra, pois primeiramente o que a perpassa é a raça. Ela se percebeu negra e solitária desde cedo, aos seus 04 anos de idade.
Thaíse conta que em uma medida de tentativa de proteção de sua mãe, para diminuir a violência sofrida na escola, mudou de escola. Nesse novo ambiente, embora de maioria branca, ainda havia um colega negro, um menino, mas que também era facilmente trocada pelos outros meninos brancos.
Pressupomos então que a definição do conceito de solidão, considerando mulheres negras como sujeitos mais suscetíveis a essa experiência que é individual, coletiva e afetiva, pois faz parte de uma construção histórica, social e política que envolve a dimensão de gênero e étnico-racial. Quando as mulheres escolhem pela solitude, não se sentem mal ao ficarem sozinhas, conseguem ser felizes na própria companhia, que é um momento diferentemente da ‘solidão”, não caracteriza algo ruim, e sim um período necessário para que o indivíduo se comunique consigo mesmo.
PERCEBER-SE: VÁRIAS MULHERES VIVEM EM MIM
A escritora bell hooks utiliza a frase “aprende-se a olhar de um certo modo para resistir” como uma mulher negra percebe o seu corpo no mundo e tenta se adaptar com o que é tido como possibilidade de acessos para ela?
Luciane Gianini, 41 anos, mulher negra, professora de odontologia da Universidade Federal de Pelotas, reside no centro da cidade e segundo ela, “é difícil dizer quem a gente é, somos uma complexidade de seres dentro de um ser só”.
“A mulher negra é a mula da sociedade”, por vários anos perpetuamos esse imaginários social de que é tudo relacionado ao racismo e a destruição, que faz com que a mulher negra se sinta inferior mesmo adotando ao longo da vida diversas facetas (mudando de cabelo, tendo estilo diferenciado) a mulher negra sempre carrega o peso de ser a que representa, em um espaço, ela não é apenas uma mulher, é a mulher negra que está ali representando uma pequena parcela de pessoas.
“quantas coisas eu passei e não percebi que era racismo? e quantas coisas ainda passo por ser uma mulher preta?” - Naiane
NAIANE FALA SOBRE HOMENS NEGROS E OBJETIFICAÇÃO
SOLITUDE OU EXCLUSÃO?
Onde que se escolhe estar sozinha? Escolher estar sozinha é um estado de espírito que se conquista, esse processo vem permeado de dor, Thaíse explica, como psicóloga, que entender o que é ser uma mulher negra, entender a solidão que é imposta às mulheres pretas, e se valorizar no nível de não aceitar migalhas de afeto da branquitude, racismo e violência mascarada de compaixão. Ser auto suficiente para lidar com a solidão, mesmo quando acompanhada, é enfim chegar ao estado de solitude, e de fato, escolher estar sozinha, mas acompanhada de si mesma.
Ela conta que a experiência de ser assumida dentro de um relacionamento a deixou com uma dualidade “se tornou algo bom e uma prisão pra mim, teve uma época que meu namoro não estava bom e eu tinha medo de terminar e nunca mais ser amada novamente e acabar o resto da vida sozinha, eu não estava mais afim de namorar e não conseguia terminar o namoro por solidão”
THAÍSE SOBRE ENTENDER SUA SOLIDÃO
O antropólogo baiano Thales de Azevedo, pesquisou relacionamentos inter-raciais em Salvador na década de 50. Ele constatou que quando um rapaz se casava com uma moça, este era “adotado” pela família da noiva. No caso dos rapazes negros que se casavam com mulheres brancas, estes ascendiam socialmente ao integrar-se à família da esposa branca ou clara; enquanto o homem branco, que se casava com mulheres negras, “descia” na escala social ao integrar-se à família destas. Ele ainda conclui que a “mulher de cor” está mais exposta ao preconceito sendo negada ao afeto pelos homens, não tendo o direito de escolher com quem quer se relacionar. Thaíse vive um relacionamento inter-racial há anos e mesmo sendo racializada entende que ali existe amor, no entanto ainda assim, não existe a totalidade de entendimento das questões do que uma mulher negra sente por parte do seu parceiro “não que ele não fosse um bom companheiro, mas tinha algo que era inapreensível ele não tinha condições de entender e que era muito meu…o afeto dele não conseguia tocar um lugar meu”, diz Thaíse.
Devemos considerar que sentir-se só nem sempre está atrelado a relacionamentos afetivos, mas também na ocupação de espaços, nas amizades, na faculdade, no local de trabalho, enfim… ser uma das poucas mulheres negras a ocupar lugar de relevância nesses espaços é também uma forma solitária e de exclusão pouco falada.
“Em todo o lugar em que eu não gostaria de estar, eu preciso estar” Luciane relata com lágrimas nos olhos sobre como foi estudar em um Estado extremamente racista como Santa Catarina, para poder buscar o mestrado tão sonhado. O enfrentamento é solitário e a primeira atitude que geralmente uma mulher negra tem é desistir e corroborar com o imaginário social de que a mulher negra não conquista nada porque não quer “Eu sou uma mulher negra e carrego em mim a imagem do fracasso por conta da marca que a sociedade nos impõe” diz Luciane.
“Eu quando entro na universidade, eu não tenho mais amigos negros”, relata Eva, de 62 anos, assistente social aposentada, ela relembra que em seu tempo de ensino médio tinha amigos negros, mas quando entra no ensino superior se depara com outra realidade.
"O maior amor de uma mulher negra, é o de outra mulher negra. Não que a gente não consiga amar outras pessoas, mas é o amor que surge na dororidade. É o amor que surge da experiência de dor compartilhada, onde tu olha no olho da outra e já entende tudo” - Thaíse.
NEGAÇÕES QUE IMPULSIONAM
Naiane Ribeiro, tem 26 anos, é professora de dança e licenciatura, tem o seu próprio estúdio de dança e faz mestrado em memória e patrimônio. “A arte e a dança me tiraram de um lugar triste da minha vida e me fizeram me reconhecer como uma mulher negra”. Em relações afetivas sempre me relacionei com pessoas brancas mesmo nunca tendo colocado isso em foco, mas fui perceber isso muito recentemente após fazer o exercício de racializar a minha vida inteira “quantas coisas eu passei e não percebi e quantas coisas ainda passo por ser uma mulher preta?”
“Eu sempre levei as coisas para o lado da rejeição, depois que passei a entender que as pessoas podem me dizer não. Que eu também posso dizer não e que posso além, posso decidir estar sozinha” Naiane aponta que já se pegou por vezes tentando impressionar pessoas se comparando com mulheres brancas. “O sentir-se só também passa de geração a geração, por repetição, por ausência de outros modelos e por incorporação de padrões de comportamentos que registram na massa cinzenta e condicionam os indivíduos.” Fabiane Albuquerque.
Eva, em contrapartida, já entende de forma diferente o “não”, para ela saber dizer não é sobre respeito, e não rejeição. Ao relembrar os locais que já trabalhou, ela comenta que aos 14 anos quando trabalhou em uma loja, pediu demissão após uma mulher branca e rica pedir para que ela cuidasse a filha durante seu expediente.
Segundo Naiane, quando finalmente teve contato com a terapia, foi que percebeu seus traumas em relações, como lida com esses sentimentos de preterimento e o quanto a dificuldade de se relacionar a deixou reclusa para se abrir ao amor novamente. Decidiu então direcionar o foco no trabalho e investiu na sua própria academia de dança e hoje cursa mestrado que sempre foi o seu grande sonho.
Veridiana relata que antes de chegar ao serviço social, ela teve vários caminhos que tentou percorrer e se encaixar e que antes de adentrar lugares que realmente foi acolhida, sentiu auto-ódio por não achar que era capaz de ter sucesso e se incluir nessas outras realidades.
“Do racismo, ninguém passa em branco” - Eva Santos
Da vida pessoal à vida pública, como cita Thaíse em sua fala, a mulher negra se vê isolada, segundo a pesquisa realizada nos anos 2016 e 2020, pela organização Mulheres Negras Decidem (MND) atualmente apenas 3,9% das prefeituras do país possuem mulheres negras no comando. Não apenas refletindo a “não escolha” popular por lideranças femininas negras, mas também refletindo um abismo na ocupação dos espaços de poder.
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A cada 100 prefeituras, apenas 3 possuem prefeitas negras no Brasil. |
É preciso encarar de frente o fato de que o racismo estrutural impregnado na nossa sociedade apunhala a mulher negra pelas costas. Não dá para ter indignação seletiva e é urgente que a branquitude discuta sobre racismo pela perspectiva das pessoas brancas. A mulher negra não integra espaços como esses pois raramente tem apoio quando decide escolher por esses caminhos.
A baixa (ou quase nenhuma) representação das mulheres negras nos espaços de poder e decisão – notadamente na política – é fator que guarda relação direta com a persistência de uma concepção universalizante do lugar de representatividade que essa mulher exerce na sociedade, evidenciando as diferenças. Nesse sentido, a inclusão de mulheres negras é medida imprescindível para a abertura de espaços que garantam diversidade e, com isso, a perspectivas epistemológicas necessárias para a construção de equidade de gênero e raça, em contraposição aos padrões epistemológicos brancocêntricos que endossam o racismo.
A extrema desigualdade social (e racial) escancara a solidão das mulheres, segundo o censo do IBGE em 2019 as famílias formadas por mulheres pretas, sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos representa 24% das famílias que vivem com um rendimento inferior a US$ 1,90 per capita, e 62,4% com renda inferior a US$ 5,50.
Se você não enxerga os negros como pessoas (independente do colorismo), não tem como dar a eles a possibilidade de construir qualquer tipo de relação. E para a mulher negra, negada em diversas áreas da vida e preterida afetivamente tanto pelo homem negro quanto pelo branco, sem falar também por mulheres negras em relacionamentos homossexuais, só resta viver o próprio amor. E por falar em colorismo, quanto mais preta a preta é, mais sozinha a preta fica.
A grande questão é que a nossa resistência física e mental ainda é uma ideia projetada dentro da sociedade, principalmente pelas tantas lutas diárias vencidas por mulheres negras que trazem ideia de guerreiras e que temos força, assim, muitos homens acreditam que somos fortes o tempo todo, e nos tratam como se não precisássemos de cuidado tanto quanto as outras mulheres.
Se pensarmos que 20% da causa da morte de negros pode ser atribuídas a características econômicas. Os outros 80% correspondem a quê?
Nesses relatos, temos histórias de mulheres negras de idades diversas e que tiveram a possibilidade de cursar uma universidade, tiveram proximidade com os termos "feminismo", " dororidade"," racismo estrutural", tiveram a chance de viver experienciais além do seu próprio lar... Mas e as mulheres negras que não tiveram essas mesmas oportunidades? Será que enxergam que estão em solitude e solidão?
ENFRENTAMENTOS QUE PERMANECEM
As reivindicações feministas por emprego e pelo fim do mito da fragilidade feminina jamais contemplou mulheres pretas, tanto que existe O dia 25 de julho (dia da mulher negra, latino-americana e caribenha) além do dia 08 de março, por isso, a construção do conceito proposto pela pesquisadora Vilma Piedade, pois as relações de sororidade parecem precisar de Dororidade. “Um contém o outro, assim como o barulho contém o silêncio. Dororidade, pois contém as sombras, o vazio, a ausência, a fala silenciada, a dor causada pelo Racismo. E essa Dor é preta”. Para ela, enquanto os valores civilizatórios das mulheres pretas não forem incorporados nas ações e práticas feministas é impossível falar em interseccionalidade. Então é preciso falar de racismo, pois racismo mata.
Não que esteja sendo proposto um conceito diferente de sororidade ou que esse termo tenha significância menor. A inquietude atinge as classes oprimidas e isso abarca diretamente as mulheres negras e suas dores na solidão, solitude e preterimento. A professora Luciane questiona se às vezes escolhe conscientemente ou inconsciente para se colocar em solitude e em solidão, “nos sobra essa intersecção de não existência, esse lugar que nós não somos ouvidas em lugar nenhum e a única pessoa que consegue entender, de fato ouvir e sentir o que a gente sente de fato é uma mulher negra”
Aqui uma atenção para pessoas que se relacionam e amam mulheres negras nas diversas formas que elas merecem: Aos homens negros que amam mulheres negras: as dores são parecidas, as coisas que as cercam também pertencem a vocês. Se protejam, protejam elas, entrelacem os dedos e sigam juntos.
Aos homens brancos que amam mulheres negras: talvez vocês nunca cheguem a compreendê-las de fato, deve haver respeito e aceitar as vivências dessas mulheres como legítimas. Tentem desacelerar do ponto de partida privilegiado de vocês e não apenas as olhem com desejo, mas com amor e carinho.
Às mulheres brancas que amam mulheres negras: vocês não conhecem por inteiro a negação de afetividades, não diminuam as dores, não se igualem nunca por maior que sejam as dificuldades semelhantes que tenham. Apenas possibilitem o amor, da forma mais profunda e verdadeira possível.
Às mulheres negras que amam mulheres negras: vocês se entendem na dororidade, se sentem, se olham, se acolhem e resistem juntas. Sigam e se amem todos os dias.
“A mulher negra é a mula da sociedade, por vários anos perpetuamos esse imaginários social de que é tudo relacionado ao racismo e a destruição, que faz com que a mulher negra se sinta inferior mesmo adotando ao longo da vida diversas facetas (mudando de cabelo, tendo estilo diferenciado) a mulher negra sempre carrega o peso de ser a que representa, em um espaço, ela não é apenas uma mulher, é a mulher negra que está ali representando uma pequena parcela de pessoas” - Luciane
Realização: Marcela Lima e Julia Vilas Boas, sob orientação de Silvia Meirelles Leite
Universidade Federal de Pelotas
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