Homenagem para a Zely Franco pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Professora Claudia Pinho Hartleben
HOMENAGEM PARA ZELY FRANCO GARCIA
Na terça-feira, 5 de dezembro de 2023, o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Professora Claudia Pinho Hartleben (CRAM) começou uma série de homenagens a mulheres importantes no cenário de enfrentamento a violência contra a mulher em Pelotas. A primeira homenageada, que passou a dar nome à sala de acolhimento do CRAM, foi a professora aposentada e ativista Zely Franco, nossa Mestra e fundadora do GAMP Feminista.
Mais de 20 mulheres compareceram para apoiar a quem chamaram de referência na luta por direitos. A atividade faz parte dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas de 2023, que começou no último dia 20 de novembro.
A coordenadora do CRAM, Eliane Bitencourt, explicou que assim como o Centro de Referência e a Casa de Acolhida receberam nomes de mulheres vítimas de violência de gênero – Claudia Pinho Hartleben e Luciety, respectivamente, o objetivo é dar às salas de atendimento nomes de lutadoras, que no dia a dia contribuem para que casos como esses não voltem a acontecer, para que se sintam reconhecidas ainda em vida. Cada uma das salas receberá o nome de uma dessas mulheres.
A homenageada se surpreendeu quando Eliane apresentou sua biografia, avaliou que às vezes parece que pouco foi feito, mas em momentos como esses isso fica claro. “Aconteceu muita coisa até chegarmos aqui, me emociona reencontrar pessoas, essa data vai ficar marcada na minha história”, e completou “meu nome é muito usado como fundadora, mas ninguém faz nada sozinho”, ponderou Zely ao explicar que todo começo é difícil, mas que a vida é aprendizado e que juntas as mulheres do Gamp foram aprendendo, e que sempre conseguiu conciliar o trabalho, os cuidados com a família e a militância.
Além da placa com seu nome descerrada na porta da sala de acolhida, a maioria das mulheres presentes no evento falou sobre a importância da professora na luta pelos direitos das mulheres e sobre como ela influenciou nas suas formações como militantes dos direitos humanos, especialmente na forma como sempre buscou empoderar cada uma das militantes feministas, sem nunca se colocar como superior a ninguém. (Texto da Jornalista Alessandra Meirelles, publicado no site da Prefeitura Municipal de Pelotas: http://www.pelotas.com.br/noticia/prefeitura-homenageia-defensoras-dos-direitos-das-mulheres.
TRAJETÓRIA DE ZELY FRANCO GARCIA
Zely nasceu em Pelotas em 1934. Estudou e formou-se no Ginásio Estadual Assis Brasil em 1953. Dali em diante, passou a fazer o que mais amava: ensinar. Na rede municipal, passou pela zona rural, depois pelas escolas Bibiano de Almeida e Afonso Vizeu. Ela é a prova viva de que quanto mais atividades temos, mais tempo e gana encontramos para abraçar outras.
A, hoje, aposentada, viúva e mãe de cinco filhos, avó e bisavó de outros tantos, é peça fundamental em muitas e importantes conquistas das mulheres e trabalhadores de Pelotas. Como professora, em 1981 participou da reestruturação da Associação dos Municipários de Pelotas e, em 1989, de sua transformação em Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp).
Também nos anos 1980, atuou nos Núcleos Eclesiais de Base da Igreja Católica, na Comissão Local dos Meninos de Rua e no movimento de mulheres que buscava a defesa de direitos que, ainda hoje, são comumente negados. Nessa mesma época, ela ainda encontrou tempo para trabalhar na fundação do Partido dos Trabalhadores na cidade.
Sua trajetória no movimento, especialmente no de mulheres, está marcada na história de Pelotas. Liderou o movimento de criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher/COMDIMPEL. Fez parte da criação do Programa Municipal de Centros de Acolhida, participou da instalação do Posto da Mulher que, anos depois, seria transformado em Delegacia Especializada no Atendimento da Mulher/DEAM.
Entre suas atuações mais emblemáticas, se é que é possível destacar uma, está a fundação do Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas/GAMP Feminista, uma organização social, que desde 1998 luta pelos direitos das mulheres, em que até hoje é uma importante referência.
Zely presidiu o COMDIM/PEL, o GAMP Feminista, e o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, assim como integrou essas entidades em outros cargos. Foi coordenadora da Casa Abrigo Luciety, recém inaugurada, depois de muitos anos de luta por esse serviço.
Já foi homenageada pela Assembleia Legislativa do Estado/RS pela sua trajetória na luta pelos direitos das mulheres e, pelo mesmo motivo recebeu o título de Cidadã Emérita, da Câmara de Vereadores de Pelotas.
Aos 89 anos, Zely ainda participa de importantes lutas sociais, e certamente, é uma referência para as e os militantes deste Município, pela sua dedicação, experiência, persistência e pelo carinho que demonstra com cada pessoa que se aproxima dela. Quem não a conhece, não pode perder essa oportunidade, ela é única, e esperamos que essa homenagem do Centro de Referência da Mulher leve o legado da nossa Zely para as novas gerações de feministas.
(Pesquisa elaborada pela Secretária do GAMP Feminista Lucia Maria Christ e o Texto pela Jornalista Alessandra Meirelles)
Atualização do Blog: Diná Lessa Bandeira - CT de Comunicação do GAMP Feminista
Acessem as fotos do evento: https://www.flickr.com/photos/prefeituradepelotas/albums/72177720313192199
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